quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

DIREITOS E DEVERES DOS MAÇONS

Charlles Cabral

I - CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS SOBRE O DIREITO

Antes de adentrar na matéria específica, se faz necessário tecer algumas considerações prévias sobre Direito. Em primeiro lugar busca-se conceituar o objeto cujo estudo se inicia e, em se tratando do direito, essa tarefa não é nada fácil. Segundo o Dicionário Aurélio, Direito é o que é justo, conforme a lei; o conjunto das normas jurídicas vigentes num país. À primeira vista parece uma definição bastante razoável, mas se aprofundarmos nossa investigação, veremos que nem todas as situações oriundas das relações humanas podem ser aí alocadas, pois, mesmo no Brasil, que abriga uma enorme quantidade leis em seu ordenamento jurídico, elas não são capazes de estabelecer diretrizes para cada ação ou conduta humana. E há, também, muita divergência entre os juristas quanto à conceituação do direito. Trata-se, ainda, de um vocábulo empregado, ora de forma objetiva, para designar o ordenamento da estrutura social, ora subjetivamente, para indicar o poder de agir garantido legalmente. E com este vocábulo fazemos referência tanto ao Direito Positivo quanto ao Direito Natural. Portanto, devemos dar tantas definições quantos sejam os sentidos da palavra direito.

Paulo Nader, na obra, Introdução ao Estudo do Direito, classifica as Definições em Nominais, que se subdividem em Etimológicas e Semânticas, e Definições Reais ou Lógicas. Etimologicamente, a palavra Direito origina-se do adjetivo latino directus, a, um (qualidade do que está conforme a reta; o que não tem inclinação, desvio ou curvatura). Pela definição lógica, Direito é “um conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os critérios de justiça”. O Direito Natural é o intrínseco sentimento de justiça que é inato no homem. Segundo Paulo Nader “O raciocínio que nos conduz à idéia do Direito Natural parte do pressuposto de que todo ser é dotado de uma natureza e de um fim. A Natureza, ou seja, as propriedades que compõem o ser, definem o fim a que este tende a realizar. Para que as potências ativas do homem se transformem em ato e com isto ele desenvolva, com inteligência, o seu papel na ordem geral das coisas, é indispensável que a sociedade se organize com mecanismos de proteção à natureza humana. Esta se revela, assim, como a grande condicionante do Direito Positivo”. Já o Direito Positivo é o conjunto das normas sistematizadas e escritas.

Por deveres, entende-se obrigações que são exigidas em uma relação entre duas partes, onde uma conduta esperada de uma parte, corresponde a um direito da outra, logo, um dever também é um direito, só que do lado oposto da relação.

Desta forma, os Direitos e Deveres do Maçom se constituem nas diretrizes que o conduzem à finalidade da maçonaria e, ainda, o conjunto de normas que fornecem as condições para que ele percorra de forma segura e organizada o seu caminho, em harmonia com os demais Irmãos e com a Ordem, de forma a garantir a realização do seu objetivo, que é o melhoramento moral e espiritual próprio e da humanidade como um todo.

Uma vez alinhavadas essas breves considerações sobre Direito, passemos agora a analisar a fonte dos direitos e deveres dos Maçons.

II - A DOUTRINA MAÇÔNICA

Por Doutrina, entende-se: ensino, educação.

A Doutrina da Maçonaria é a fonte dos Direitos e Deveres do Maçom.

O conteúdo da Doutrina da Maçonaria é composto por Doutrinas Morais, Religiosas e Filosóficas.

Aurélio Buarque de Holanda define assim a palavra Doutrina: “Conjunto de princípios que servem de base a um sistema Religioso, Político, Filosófico, Científico, etc”.

A Doutrina Maçônica tem origem na tradição contida nos documentos dos Maçons Operativos da Idade Média. Em 1356 um Código de Regulamentos Maçônicos surgiu em Londres. Em 1390 surge um poema, chamado Poema Regius, que detalha a criação de um ofício especializado a ser realizado por artífices construtores chamados Maçons. Outro documento, conhecido como Manuscrito de Cook, do século XV, estabelece a primeira ligação entre os Maçons e a construção do Templo de Salomão. Por volta do século XVI começaram a surgir as primeiras referências a uma Maçonaria especulativa, com admissão de leigos nos quadros da Loja de Edimburgo. No século XVIII as atribuições dos Maçons operativos foram sintetizadas numa Constituição, por James Anderson, um Maçom inglês, e para regulamentar o funcionamento das Lojas, estabeleceram-se os chamados Landmarks que, em Maçonaria, refere-se a regras imutáveis que norteiam a existência da Ordem.

Os Landmarks são considerados uma Constituição consuetudinária, ou seja, não escrita, e pairam controvérsias a respeito das suas definições e nomenclaturas. Existem várias compilações, sendo a de Albert Gallatin Mackey a que teve mais sucesso. As Potências Maçônicas latino-americanas, de um modo geral, adotam a classificação de 25 Landmarks compilados por Mackey. Dentre os Landmarks de Mackey, estão abaixo transcritos os que mais me pareceram oportunos em função do tema deste trabalho, não obstante os outros serem tão importantes quanto estes:

13. Direito de recurso de cada Maçom das decisões de seus Irmãos, em Loja, para a Grande Loja ou Assembléia Geral dos Irmãos é um Landmak essencial para a preservação da Justiça e para prevenir a opressão.

14. Direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer loja é um inquestionável Landmark da Ordem. È o consagrado direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito inerente que todo Irmão exerce, quando viaja pelo Universo. É a conseqüência de encarar as Lojas como meras divisões por conveniência da Família Maçônica Universal.

22. Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinções de prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade confere. A maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas.

III - OS DEVERES DOS MAÇONS

Quando da iniciação de um profano nos mistérios da Maçonaria, antes de ser recebido Maçom, e para que não seja forçado a se comprometer com obrigações que não conhece, é-lhe explicado a natureza dos deveres a que ele estará sujeito: “o primeiro é um silêncio absoluto acerca de tudo quanto ouvirdes e descobrirdes entre nós, bem como de tudo quanto para o futuro chegueis a ouvir, ver ou saber. O segundo dos vossos deveres, e o que faz que a Maçonaria seja o mais sagrado dos bens, além de ser a mais nobre e a mais respeitável das instituições, é o de vencer as paixões ignóbeis que desonram o homem e o tornam desgraçado; a prática constante da beneficência, socorrer aos seus irmãos, prevenir as suas necessidades, minorar os seus infortúnios, assisti-los com os seus conselhos e as suas luzes. O que em um profano seria uma qualidade rara, não passa no Maçom do cumprimento de seus deveres. Toda ocasião que ele perde de ser útil é uma infidelidade; todo socorro que recusa é um perjúrio; e se a terna e consoladora amizade também tem culto nos nossos Templos, não é apenas por ser um sentimento, mas sim por um dever que pode tornar-se em virtude. O terceiro dos nossos deveres e a cujo cumprimento só ficareis obrigado depois da vossa iniciação, é o de conformar-vos em tudo com as nossas leis e de submeter-vos ao que vos for determinado em nome da associação, em cujo seio desejais ser admitido.”

Ainda são exigidos ao candidato outros deveres, que devem ser praticados por todos os homens de bem: “Ao Ente Supremo deveis todo amor e respeito. Ao vosso próximo deveis toda amizade e dedicação, e nunca façais aquilo que não desejardes que vos seja feito. Deveis beneficiá-lo e socorrê-lo em suas necessidades e ajudá-lo nas emergências em que se achar. Para convosco, deveis evitar toda irregularidade e intemperança que possa fazer destruir ou menoscabar o conceito que deve possuir todo homem de bem.” (Ritual do Aprendiz Maçom - GOEMT).

Ciente desses deveres, o candidato, ao concordar com eles, presta juramento. Estão eles contidos nos princípios do Direito Natural, pois fazem parte do sentimento de justiça próprio da natureza do homem.

A CONSTITUIÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO ESTADO DE MATO GROSSO prescreve no segundo capítulo:

Art. 8º. São deveres do maçom:

I – obedecer à lei e aos poderes maçônicos constituídos;

II – freqüentar assiduamente os trabalhos das Lojas e Órgãos, aceitando e desempenhando, com probidade e zelo, as funções e os encargos maçônicos que lhe forem confiados;

Do meu ponto de vista, o cumprimento deste dever reflete o compromisso com que o Maçom está investido dentro da Ordem, e sem o qual não pode ser considerado um verdadeiro maçom.

III – satisfazer com pontualidade as contribuições pecuniárias que, ordinária ou extraordinariamente, lhe forem legalmente atribuídas;

A Maçonaria é uma entidade sem fins lucrativos, o que não quer dizer que não existam custos e despesas com a manutenção do Templo e funcionamento das Lojas. Obviamente que há de vir dos próprios Irmãos as garantias pecuniárias correspondentes.

IV – reconhecer como irmãos todos os maçons regulares, dando-lhes ajuda e proteção em quaisquer circunstâncias e defendendo-os, com o risco da própria vida, contra a injustiça;

V – prestar todo o auxílio que puder às viúvas, irmãs solteiras, ascendentes e descendentes que dele necessitarem;

VI – nada imprimir, nem publicar, na imprensa profana, sobre assunto que envolva o nome do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, sem expressa autorização da autoridade que o represente;

VII – não falar a estranhos sobre os assuntos maçônicos de caráter reservado;

Além de trair o juramento e passar aos profanos informações de caráter reservado, a publicação de matérias de interesse da Ordem, podem comprometer o nome da instituição e causar prejuízos à imagem da Maçonaria. E mais, pode inclusive, causar falso juízo sobre o caráter de todos os irmãos, pelo que apenas um tornou público.

VIII – manter sempre, no mundo profano, conduta digna e honesta, praticando o bem e a tolerância, subordinando-se às leis, aos costumes e aos poderes constituídos do país.

Eu diria que essa postura reflete a imagem da Maçonaria no mundo profano. È pelos seus representantes que o homem comum julgará toda a Instituição.

Parágrafo único – A investidura do maçom em mandato de representação popular ou cargo público acentua-lhe o dever de pugnar pelos princípios e ideais da Instituição.

Estes são preceitos oriundos do Direito Positivo, e são da mesma natureza daqueles sobre os quais se prestou juramento.

IV - OS DIREITOS DOS MAÇONS

Art. 9º. São direitos do maçom:

I – a igualdade perante a lei;

Este é um dos princípios dos Direitos Humanos. É o que justifica a qualidade de irmãos, de pertencermos todos à mesma espécie.

II – a livre manifestação do pensamento nos meios maçônicos, sem dependência de autorização, respondendo, cada um, nos casos e na forma que a lei declarar, pelos abusos que cometer;

Liberdade implica em responsabilidade. Discordar é justo, mas há de se observar cuidadosamente a forma os fundamentos dos argumentos com os quais se utiliza para exercer esse direito. É utilizando-se da Régua de 24 polegadas, ou seja, medindo e meditando sobre as palavras, que se critica sem ofender ou difamar. A crítica pode ser construtiva, mas também pode ser devastadora.

III – a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença;

O que há de mais sagrado para o ser humano é a sua fé. E esse preceito faz com que se possa confiar na idoneidade dos princípios da Ordem, o que considero extremamente necessário nos primeiros passos dentro da Maçonaria.

IV – a justa proteção moral e material para si e seus parentes, até o segundo grau civil;

V – passar de uma para outra Loja filiada ao Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, observando o que dispuser o Regulamento Geral;

VI – pertencer, como efetivo, a mais de uma Loja, na forma estabelecida no Regulamento Geral;

VII – não ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei;

VIII – ter assegurada, quando acusado, plena defesa, por todos os meios e recursos;

IX – não lhe ser exigido ou aumentado nenhum tributo, sem que a lei o estabeleça em exercício anterior;

X – ter assegurado:

a) a ciência dos despachos, documentos e informações em processos de seu interesse;

b) a expedição de certidões requeridas para defesa de direitos, salvo se o interesse da Ordem ou da Instituição impuser sigilo;

c) o direito de representar, mediante petição, aos poderes competentes, contra abusos de autoridades maçônicas, a fim de promover sua responsabilidade.

XI – ser parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da Instituição;

XII – ser isento da freqüência quando emérito ou remido.

Parágrafo 1º. A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual ou coletivo.

Parágrafo 2º. A lei penal regulará a individualização da pena e só retroagirá quando beneficiar o réu.

Parágrafo 3º. Não há crime sem lei anterior que o defina; não há pena sem prévia cominação legal.

Parágrafo 4º. A lei maçônica não prejudicará o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito.

Parágrafo 5º. Os direitos individuais equiparam-se aos que a Constituição Política do Brasil reconhece e garante a todos os cidadãos.

Os parágrafos acima são, por analogia, compilações oriundas do Direito profano, e a esse respeito, leciona o Irmão José Wilson Ferreira Sobrinho:

“Todas as realidade expostas, relativas ao Direito Profano, certamente podem ser transportadas para o Direito Maçônico na medida em que ele também tem por localização ôntica a região objetal conhecida como objeto cultural (...) tem-se, portanto, que o Direito Maçônico não difere do Direito Profano naquilo que diz com sua angulação filosófica. É dizer: trata-se de um objeto cultural que regula um momento da vida em sociedade, ou seja, o momento da vida maçônica...” (FERREIRA SOBRINHO, José Wilson, Legislação Maçônica, Ed. A TROLHA, 2002.)

Para finalizar, fica a reflexão de Oswald Wirth sobre as leis e o ordenamento associativo: “... a submissão à lei impõe-se a quem aceita viver, já que a vida de todo ser está subordinada a um modo mais extenso de existência. Toda autonomia vital é um microcosmos, e portanto, uma ordem participando de uma coordenação mais geral. Aquele que pretende bem viver deve aplicar-se a vibrar de acordo com o rítimo da harmonia ambiente.

As leis arbitrárias que formulam os homens, os regulamentos que se impõem a fim de coordenar a sua atividade jamais serão para o Iniciado objeto de desprezo, embora só a lei da vida tenha perante os seus olhos um caráter plenamente sagrado.

Há de dar sempre exemplo da disciplina, ainda que não lhe escape a imperfeição das regras impostas. Sem acordo, nenhuma vida é possível; o estado de desordem marca a passagem de uma ordem defeituosa a uma melhor coordenação. Por sua influência, os Iniciados apressam a reconstituição da ordem perturbada, já que têm horror da doença à qual corresponde toda desordem.” (Citado por Nicola Aslan, em Comentários ao Ritual de Aprendiz)

Bibliografia:

CONSTITUIÇÃO E REGULAMENTO GERAL – GOEMT

RITUAL DO APRENDIZ-MAÇOM – R:. E:. A:. A:. – GOEMT

ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual de Aprendiz – Vadimecum Iniciático. 3.ed. Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2006.

FERREIRA SOBRINHO, José Wilson. Legislação Maçônica. 1ª. ed. Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2002.

BAÇAN, Lourivaldo Peres. O Livro Secreto da Maçonaria. São Paulo: Universo dos Livros, 2008.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 21. Ed. Rio

segunda-feira, 16 de maio de 2011

VIDA & TRABALHO


Projetamos, os desejos nos impulsionam,
agimos, buscando concretizar o planificado,
necessitamos, agir com prudência,
posto que:
o conhecimento de si,
a emoção do querer
e a atividade do fazer,
leva-nos a proceder com consciência,
consciência nascida do bem conhcer, sentir e agir,
vez que nos conhecemos pelo nosso pensar,
agimos pela nossa força,
sentimos pela execução da nossa vontade.
Isso é vida,
e a vida é trabalho.


Antônio Padilha de Carvalho

quarta-feira, 27 de abril de 2011

OS TRÊS PONTOS


Ap.˙. M.˙. Enio Carlos de Souza Vieira Neto.

I — Introdução.

Falar sobre os três pontos utilizados na maçonaria não é tarefa das mais simples, vez que há na doutrina inúmeras interpretações sobre a sua origem, seu significado e sua utilização.

Ao pesquisar o tema na literatura maçônica mencionada na bibliografia desta peça de arquitetura, pude constatar o quão controverso é o tema, que até mesmo para IIr.˙. mais experimentados (Mestres Maçons, articulistas de revistas maçônicas especializadas, sites de lojas regularmente constituídas e autores da literatura maçônica) pairam dúvidas sobre o verdadeiro significado dos três pontos.

Uns creem na origem simbólica; outros creditam sua origem às mais antigas e ocultas sociedades iniciáticas; alguns dizem não tratar-se de símbolo, mas de mero sistema de codificação da escrita; e outros, que me pareceram mais prudentes e cuja corrente teórica tem mais força junto à maçonaria moderna, afirmam que a escrita tripontuada nasceu com o objetivo único de tornar a escrita dos documentos internos da Sublime Ordem ininteligíveis aos não iniciados (que convencionamos denominar como profanos), ganhando força e conceitos simbólicos com a sua contínua utilização, principalmente após ser adotada como símbolo de reconhecimento entre os Irmãos.

E justamente por acreditar ser essa última corrente mais coerente, tanto do ponto de vista histórico quanto no que se refere à aceitação da simbologia dos três pontos, nesse trabalho seguiremos tais ensinamentos, sem, contudo, descartar o entendimento ou exercer juízo de valor sobre os que acreditam nas demais teses.

II — Origem dos três pontos.

a) Escrita tripontuada.

Como dissemos o tema não é dos mais pacíficos, havendo dúvidas mesmo entre aqueles que acreditam na mesma corrente histórica.

É que para alguns a escrita tripontuada tem origem em religiões e sociedades iniciáticas da antiguidade, sendo utilizada como forma de escrita cifrada em documentos internos, a fim de que somente aqueles que praticassem os mistérios religiosos ou participassem daquela irmandade pudessem entender o conteúdo dos seus escritos.

Era utilizada como forma de proteger o conteúdo de tais documentos, a fim de que, se caíssem em mãos erradas, não pudessem ser compreendidos e, portanto, os mistérios religiosos ou ritualísticos que se pretendia resguardar não fossem revelados a terceiros.

Não obstante tal afirmação, é certo que em todo o material pesquisado não encontramos referências históricas concretas à utilização dos três pontos por tais religiões, havendo certa confusão entre estes (os três pontos) com a figura geométrica do triângulo que, nesse caso, penso eu, não se podem confundir, pois enquanto um representa a codificação da escrita, o outro, como veremos mais adiante, trata-se de símbolo com significados próprios.

Segundo artigo encontradiço na página eletrônica da Loja Maçônica Obreiros de Irajá [www.obreirosdeiraja.com.br/os-tres-pontinhos/], as abreviaturas, certamente, já existiam desde a antiguidade, como comprovam vários objetos Celtas do século IX a.C., porém, não há referência histórica da época quanto a escrita tripontuada.

Assim, temos que a primeira comprovação histórica (material) de existência da escrita tripontuada aparece em antigos escritos provenientes de mosteiros cristãos, bem como pela existência, na Corte Pontifícia, em Roma, do “Tribunal A.˙. C.˙.”.

Sobre o tema, o Venerável Irmão ETHIEL OMAR CARTES GONZÁLES, da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Guatimozín nº 66, filiada às Grandes Lojas do Estado de São Paulo, citando LENNNHOFF, consignou:

“Lennhoff, no Dicionário Maçônico Internacional, diz que os três pontos aparecem já em antigos escritos monacais, conservados na Biblioteca Coraini, Roma. Na Corte Pontifícia de Roma existia um Tribunal denominado ‘Tribunal de A.˙. C.˙.’, que para uns era Augusta Consulta e para outros Auditor Camarae.”

Portanto, a primeira comprovação histórica da utilização da escrita tripontuada, como forma de codificação de documentos oficiais, vem dos referidos escritos pertencentes à igreja católica que, hoje, encontram-se arquivados na Biblioteca Coraini, na cidade de Roma.

b) Escrita tripontuada na história da maçonaria.

No que se refere à utilização da escrita tripontuada na maçonaria, como forma de cifrar os documentos produzidos em loja, tem suas primeiras aparições no século XVIII, havendo controvérsia entre os estudiosos sobre a data exata do início de sua utilização.

Alguns afirmam que a primeira Loja Maçônica a utilizar a escrita tripontuada foi a Loja Besaçon, na França, em reuniões datadas de 1764.

Mas a tese mais aceita, por ser melhor comprovada, da conta de que a escrita tripontuada foi utilizada pela primeira vez em documento produzido em 12 de agosto de 1774, quando o Grande Oriente da França comunicou a todas as lojas jurisdicionadas a mudança de seu endereço/sede, bem como a alteração do valor da anuidade.

A explicação mais aceita para a utilização da escrita tripontuada em tal documento, é a de que, por se tratar de uma prancha que deveria ser encaminhada para todas as Lojas jurisdicionadas, e tendo em vista a precariedade do sistema de comunicação da época, corria-se grande risco do documento ser extraviado, tornando-se necessária a codificação da escrita para evitar que as informações fossem decifradas por profanos.

A partir desse documento, a escrita tripontuada proliferou por toda a frança e, posteriormente, pelas Américas, sendo correto afirmar que seu uso não é universal, vez que a escrita tripontuada não foi adotada pela maçonaria de vários países como, por exemplo, a maçonaria inglesa.

c) Primeiras conclusões.

Assim, diante dos fatos acima apresentados, podemos afirmar que os três pontos surgiram na maçonaria como simples expediente de abreviatura, a fim de codificar a escrita dos seus documentos internos, não havendo em seus primórdios qualquer significação simbólica.

Também podemos concluir que a escrita tripontuada não é universal e nem obrigatória, sendo muito mais fruto dos costumes maçons de países com a França, Estados Unidos e Brasil, do que uma obrigação propriamente dita, até por que, como indicam alguns autores, a Constituição de Anderson, de 1723, principal documento da maçonaria moderna, não utiliza e não faz qualquer menção à escrita tripontuada.

Feita essa breve análise sobre o surgimento da escrita tripontuada e sua utilização na maçonaria, passemos a análise dos três pontos como forma de reconhecimento/identificação dos irmãos pertencentes à Sublime Ordem.

III — Os três pontos, os costumes e o NeVarietur.

Para CEZAR ALBERTO MINGARDI (na obra Sois Maçon? Textos Sobre a Maçonaria, editora Madras, São Paulo – 2008), após a disseminação da escrita tripontuada por vários países, “para a tripontuação ganhar as assinaturas foi um passo”, pois ganhou forte simbolismo ligado ao segredo ao longo dos anos — face a sua semelhança com o triângulo e a expressão do ternário, com grande significação para a simbologia e hermenêutica maçônicas, com várias interpretações exotéricas.

Os maçons passaram a verificar nos três pontos, grande semelhança com o simbolismo ensinado nos rituais da Arte Real, vez que o ternário tem forte apelo místico e coincide com inúmeras alegorias e símbolos utilizados no grau de aprendiz, motivo pelo qual a sua (dos três pontos) colocação juntamente com a assinatura passou a ser símbolo de reconhecimento entre os irmãos.

E o costume tornou-se tradição.

E a maçonaria, como sociedade iniciática, tem grande apego às tradições, motivo pelo qual a colocação dos três pontos ao final da assinatura dos Obreiros passou a fazer parte dos ensinamentos passados aos aprendizes que, nas iniciações, são orientados a apor suas assinaturas nos documentos maçônicos com os três pontos ao final.

Vejam que a tripontuação ao final da assinatura do maçom regular não se trata de obrigação, pois no mundo profano, não raras as vezes que, por motivos profissionais, familiares ou religiosos, os maçons poderão ter necessidade de não manifestar abertamente sua condição, como ensina o texto os três pontos, contido no site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Construtores da Virtude nº 5 [www.construtoresdavirtude.com.br].

Não obstante, uma vez que o documento maçônico foi assinado peloaprendiz com a colocação dos três pontos ao seu final, é certo que não será permitido ao iniciado que altere a sua assinatura em qualquer outro documento oficial.

Daquele momento em diante, deverá assinar todos os documentos maçônicos, desde o livro de presença em loja, até às mais altas honrarias, do memso modo e forma, a fim de que não se diferencie. Para que não se mude.

Essa regra, denominada maçonicamente de NeVarietur, é necessária para estabelecer a igualdade entre os IIr.˙., bem como para garantir o reconhecimento da firma dos Ir.˙. visitantes, com a comparação, pelo Chanc.˙., da assinatura aposta no documento maçônico apresentado pelo visitante com aquela por ele aposta no livro da loja.Eis a definição de NeVarietur feita pelo Ir.˙. VALDEMAR SANSÃO, em artigo postando no site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Acácia do Continente:

NE VARIETUR(Para que não se mude). Aparece sempre em diplomas eoutros documentos maçônicos, onde o interessado apõe sua assinatura, como formadefinitiva, isto é, a maneira de assinar deve ser constante, nuncadiferenciada.

Ademais, é certo que para outros estudiosos os três pontos ao final da assinatura do maçom regular surge, também, como forma de igualar todos os IIr.˙., a fim de lembrar que todos os maçons são iguais e que pertencem a uma irmandade, considerando ser esta a verdadeira definição de Ne Varietur: para não diferir; para que todos sejam iguais.

IV — CONCLUSÕES.

V.˙. M.˙., meus IIr.˙., o tema é extenso e, sobre ele, ainda poderíamos discorrer sobre a simbologia do triângulo equilátero ou do ternário, tão presentes em nossos rituais em ensinamentos.

Poderia descrever o ternários nas mais variadas ciência e religiões, como por exemplo, na bíblia, onde o numero três representa a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a Sagrada Família (Jesus Maria e José), os Reis Magos (Gaspar, Belchior e Baltazar) as Marias presentes na crucificação (Maria de Nazaré mãe de Jesus, Maria de Madalena e Maria Mulher de Cléofas, tia de Jesus), as tentações superadas por Cristo no deserto, a idade de Cristo (33 anos) e a ressurreição de Jesus, ocorrida 3 dias após sua morte.

Também poderíamos discorrer sobre o significado do ternário em várias passagens do ritual do aprendiz, de onde se verifica direta correlação com as três colunas da Loja (sabedoria, força e beleza), os instrumentos de trabalho (régua, maço e cinzel), a bateria do grau (três pancadas), os paços (três passos), a idade (três anos), as três grandes Luzes (o Venerável Mestre, o 1º Vigilante e o 2º Vigilante), etc.

Não obstante, é certo que a simbologia inerente ao ternário é campo gigantesco e fértil, devendo ser fruto de trabalho mais específico e aprofundado, vez que merece grande reflexão e cuidadoso estudo, a fim de não se deixar escapar seus pontos mais importantes.

Por fim, cumpre transcrever lição retirada do site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Construtores da Virtude nº 5 [www.construtoresdavirtude.com.br], verbis:

O primeiro ponto é o origem criador de todo o que existe, o Uno, a Monada, o Princípio Fundamental, a Unidade, é Deus.

Os dois pontos inferiores são a Dualidade, são gerados pelo primeiro ponto e, se se juntarem, voltam a ser a Unidade, da qual tiveram nascimento.

O ponto superior corresponde ao Oriente em Loja, que é o mundo Absoluto da Realidade, é o Delta Sagrado, e os dois pontos inferiores correspondem ao Ocidente, ou seja o Mundo relativo, o domínio da Aparência, são as duas colunas, como mais um emblema da dualidade.

Como podemos ver, a interpretação dos três pontos, são muitas e nelas não poderemos ficar restritos, para não pecar de dogmáticos.

V — BIBLIOGRAFIA.

Página eletrônica da Loja Maçônica Obreiros de Irajá [www.obreirosdeiraja.com.br/os-tres-pontinhos/]

CEZAR ALBERTO MINGARDI, obra Sois Maçon?, Textos Sobre a Maçonaria, editora Madras, São Paulo – 2008.

Página eletrônica da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Construtores da Virtude nº 5 [www.construtoresdavirtude.com.br].

VALDEMAR SANSÃO, artigo postando no site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Acácia do Continente [www.acaciadocontinente.com.br].

RITUAL DO APRENDIZ - GOEMT

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Como se pode distinguir o bem do mal?


M:.M:.Antônio Padilha de Carvalho

“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.”

Se as leis universais estão escritas na consciência de cada criatura, mesmo as que se encontram escondidas pelo véu da carne, pelo esforço da criatura passam a povoar a sua mente, deixando as lembranças mais visíveis que se possa pensar.

Deus é bondade, é amor, e não iria deixar Seus filhos sofrerem as conseqüências dos erros sem conhecimento da verdade. Todos os que estão encarnados têm conhecimento do bem e do mal, uns mais, outros menos, mas todos, sem exceção os reconhecem.

Quem estudar a natureza enriquecer-se-á das instruções sobre as leis da vida, porque Deus escreve igualmente Suas leis em toda a criação. A consciência dá logo o reconhecimento do mal que se pratica, pela sensibilidade, porque, em primeiro lugar, o Senhor escreveu nela o bem universal. Se tudo vem de Deus, toda a verdade é disseminada pelo Senhor, toda caridade que se faz vem de Deus; de todo amor, Ele é a fonte.

Por que se exaltar quando se faz o bem?

Pois, todo o que se exaltar será humilhado, e o que se humilha será exaltado. (Lucas, 14:11)

A lei cuida de nos disciplinar, no sentido de que não cresça em nós a vaidade. Não precisamos nos exaltar quando praticamos uma boa ação; isso é o nosso dever e o ambiente da boa ação já é o salário que passa a converter as trevas em luz.

Todas as leis de Deus levam à expressão do bem, e o de boa vontade descobre o que deve ser o bem em todos os seus aspectos. Para tanto, recebemos, pelo progresso, o raciocínio, dom divino que faz o processamento do bem e do mal, entregando à nossa vontade o que a alma deseja fazer. No entanto, ela responde pelo que faz. Os nossos feitos são sementes de luz ou de trevas, e o que plantarmos colheremos. A lei não falha, por ser ela imutável.

Jesus é nosso exemplo maior, pelas curas realizadas e pelo alimento espiritual que distribui à humanidade, sem forçar consciências. A Doutrina Maçônica, como Jesus não combate o mal, no sentido de perder tempo em discussões improfícuas, mas, ganha o tempo vivendo o bem.

Se queres saber qual o caminho do bem, o que fizeres, faze-o às claras. Desde quando escondes os teus feitos, é porque alguma coisa dentro de ti assinala avisos de que não deves fazê-lo.

Quando duvidas se uma ação é boa ou má, isto não passa de irradiação do subconsciente, expedindo sinais para a consciência ativa. Vê, então, se o que vais fazer é duvidoso, se pode prejudicar alguém em teu caminho. Lembra-te de Jesus: não faças aos outros, o que não queres para ti. Se tiveres honestidade, ela te livrará das insinuações do mal.

Pensa no amor ao próximo, que esse mesmo próximo, ainda que inconscientemente, te protegerá, pelas forças do Criador.

Referências

Kardec, Allan - Livro dos Espíritos, Editora Ide – Araras-Sp-2010;
O Livro dos Espíritos Comentado - 2008 - Desenvolvimento, Manutenção e Hospedagem: MakedonosWeb
Rituais do Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçons; GOEMT-Grande Oriente do Estado de Mato Grosso

terça-feira, 24 de agosto de 2010

COMO FALAR COM O G:.A:.D:.U:. ?

M:.M:. Antônio Padilha de Carvalho

Há um sentimento instintivo nos seres humanos, a respeito de uma força superior, um poder sobre-humano que costumamos chamar de Deus. As formas de pensar e compreender que Deus é este, o que ele faz e como governa a vida dos seres são inúmeras, e deram origem às religiões.

Numa época de conhecimentos científicos nulos ou bastante limitados, muitas idéias fantasiosas adquiriram importância, como se fossem verdades, e a partir daí, desenvolveu-se um tipo de relacionamento com Deus baseado no medo, nas trocas de favores, na intermediação por sacerdotes e na realização de rituais.

E apesar do progresso da Ciência desvendar uma realidade diferente, onde muitas crenças religiosas não se enquadram, a maioria dos seres humanos continua com suas antigas crenças, agindo com a mesma noção da divindade dos nossos antepassados: como uma pessoa que devemos agradar para servir aos nossos propósitos, que nos pune de algum modo se efetuamos escolhas ruins, que intervêm em nossos destinos, que diz o que podemos ou não fazer.

Uma diferença fundamental do conceito Maçônico de Deus, com relação a estes outros é que, mesmo limitado pela nossa linguagem e possibilidade de compreensão, ele transmite uma visão totalmente inovadora. Vejamos:
Para a Maçonaria, Deus não é pessoa ou Espírito, como nós; não tem forma nem sentimentos humanos.
Os Espíritos Superiores definem Deus como inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. Esta resposta não explica a natureza íntima de Deus, inacessível para nós, por enquanto, mas possibilita entendê-lO como poder criador do Universo. Seus atributos são qualidades atribuídas a Ele pelos Espíritos, e nos permitem ter uma idéia mais ou menos exata de como atua no Universo.
Ele é eterno (não teve início nem terá fim), imutável (não está sujeito a mudanças), imaterial (difere de tudo que é matéria e não se comporta como um ente material), único, onipotente, justo e bom, sendo que todas as suas qualidades estão num grau máximo.
O conhecimento da existência de Deus não ocorre pela fé cega, mas pela análise, observação e constatação do funcionamento harmonioso da Natureza. Nos processos da Natureza, tudo revela uma força inteligente e uma precisão que só poderiam resultar da criação de uma inteligência superior a qualquer outra que possamos imaginar. O acaso não poderia produzir estes efeitos.
Deus não precisa ser temido, nem existe para nos julgar, nem se entristece com nosso comportamento. Em suas deduções a respeito de Deus, os seres humanos lhe conferiram emoções e atitudes humanas que negam os seus atributos como qualidades máximas. Por ser superiormente sábio e conhecer profundamente o ser humano, não haveria sentido em nos julgar, ou entristecer-se por fazermos coisas próprias de nosso estágio evolutivo. Por ser imutável, não muda sua forma de agir, não nos oferece perigo, por isso não há motivo para se ter medo.
Deus não intervêm diretamente nos acontecimentos, mas age através das leis sábias que regem o Universo. A ação das leis de Deus em toda parte, das interações microscópicas no interior do átomo aos movimentos planetários e ao mais fundo dos seres é, em si mesma, prova de que a criação é perfeita desde o início, não exigindo providências de Deus para ajustar os rumos dos acontecimentos e para fazer prevalecer Sua vontade.
A relação do ser humano com Deus é feita sem intermediários, através da prece (pensamentos e sentimentos). Cada criatura, em qualquer hora ou local em que se encontre, pode elevar-se a Ele. A principal qualidade da prece corresponde ao sentimento que transmite, sem uso de objetos ou palavras especiais.
Por tudo isto...

...é importante observar bem o tipo de “imagens” de Deus estamos possibilitando às nossas mentes.

... caracterizar Deus como pessoa, ou mesmo como Espírito, é criar confusões entre conceitos. Uma alternativa interessante é utilizar de idéias que mostrem Deus como poder criador e mantenedor do Universo, cuja inteligência e amor se manifestam na perfeição das Leis da Natureza.

... também não caberão concepções e falas do tipo: Deus está vendo!... Deus castiga!, e outras, como ameaças diante de condutas indesejáveis.

... dizer que Deus curou, que Deus atendeu a determinado pedido, não corresponde ao modo como Ele atua no Universo.
... sempre que falar de Deus, é importante fazê-lo de forma consciente e madura, sem ingenuidade. Não hesite em contar porque você confia em Deus, de onde surgiu sua fé, e o quanto esta fé é realmente insubstituível em sua vida. Encoraje as pessoas ao seu redor a compartilhar suas vivências.

O reconhecido compositor e músico brasileiro, Gilberto Gil, brinda-nos com as seguintes pérolas nesse sentido:

I
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Quando a morte ceifa nas nossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumamos dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.

Irmãos, é nesse ponto que precisamos nos elevar acima do terra-a-terra da vida, para compreendermos que o bem, muitas vezes, está onde julgamos ver o mal, a sábia previdência onde pensamos divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveremos de avaliar a justiça divina pela nossa? Poderemos supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a nos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutássemos melhor todas as dores que nos advêm, nelas encontraríamos sempre a razão divina, razão regeneradora, e os nossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríamos para o último plano.

Creia, a morte é preferível, numa encarnação de vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que pungem famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Freqüentemente, a morte prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.

É uma horrenda desgraça, afirmamos nós a todo momento, ver cortado o fio de uma vida tão prenhe de esperanças! De que esperanças falamos? Das da Terra, onde o liberto houvera podido brilhar, abrir caminho e enriquecer? Sempre essa visão estreita, incapaz de elevar-se acima da matéria.

Sabemos qual teria sido a sorte dessa vida, ao nosso parecer tão cheia de esperanças? Quem nos diz que ela não seria saturada de amarguras? Desdenhamos então das esperanças da vida futura, ao ponto de preferirmos as da vida efêmera que arrastais na Terra? Supomos então que mais vale uma posição elevada entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados?

Em vez de nos queixarmos, regozijemo-nos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejarmos que ele aqui continue para sofrer conosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Nós, homens maçons, porém, sabemos que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo.

Paes, saibam que nossos filhos bem-amados estão perto de nós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos nos envolvem, seus pensamentos nos protegem, a lembrança que deles guardamos os transporta de alegria, mas também as nossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.

Nós, que compreendemos a vida espiritual, escutamos as pulsações do nosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirmos a Deus que os abençoe, em nós sentiremos fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentiremos aspirações grandiosas que nos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu.

E o poeta continua:

II
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Será a Terra um lugar de gozo, um paraíso de delícias? Já não ressoa mais aos nossos ouvidos a voz do profeta? Não proclamou ele que haveria prantos e ranger de dentes para os que nascessem nesse vale de dores? Esperamos, pois, todos nós que aqui vivemos, causticantes lágrimas e amargo sofrer e, por mais agudas e profundas sejam as nossas dores, volvemos o olhar para o Céu e bendizemos do Senhor por ter querido experimentar-nos...

Ó homens maçons! reconhecemos o poder do nosso Senhor, G:.A:.D:.U:. senão quando ele nos haja curado as chagas do corpo e coroado de beatitude e ventura os nossos dias? Dar-se-á não reconhecermos o seu amor, senão quando nos tenha adornado o corpo de todas as glórias e lhe haja restituído o brilho e a brancura?

Imitai aquele que nos foi dado para exemplo. Tendo chegado ao último grau da abjeção e da miséria, deitado sobre uma estrumeira, disse ele a Deus: "Senhor, conheci todos os deleites da opulência e me reduzistes à mais absoluta miséria; obrigado, obrigado, meu Deus, por haverdes querido experimentar o vosso servo!"

Até quando os nossos olhares se deterão nos horizontes que a morte limita? Quando, afinal, nossa alma se decidirá a lançar-se para além dos limites de um túmulo?

Haveremos de chorar e sofrer a vida inteira? Que seria isso, a par da eterna glória reservada aos que tenham sofrido a prova com fé, amor e resignação? Busquemos consolações para os nossos males no porvir que Deus nos prepara e procuremos a causa no passado. E nós, que mais sofremos, consideremos-nos os afortunados da Terra.

Como desencarnados, quando pairava-nos no Espaço, escolhemos as nossas provas, julgando-nos bastante fortes para as suportar. Por que agora murmurar? Nós, que pedimos a riqueza e a glória, queríeis sustentar luta com a tentação e vencê-la. Nós, que pedimos para lutar de corpo e espírito contra o mal moral e físico, sabíamos que quanto mais forte fosse a prova, tanto mais gloriosa a vitória e que, se triunfássemos, embora devesse o nosso corpo parar numa estrumeira, dele, ao morrer, se desprenderia uma alma de rutilante alvura e purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento.

Que remédio, então, prescrever aos atacados de obsessões cruéis e de cruciantes males? Só um é infalível: a fé, o apelo ao Céu. Se, na maior acerbidade dos nossos sofrimentos, entoarmos hinos ao Senhor, o anjo, à nossa cabeceira, com a mão nos apontará o sinal da salvação e o lugar que um dia ocuparemos...

A fé é o remédio seguro do sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente. Não nos perguntemos, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera ou tal chaga, para tal tentação ou tal prova. Lembremo-nos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé e que aquele que duvida um instante da sua eficácia é imediatamente punido, porque logo sente as pungitivas angústias da aflição.

O Senhor apôs o seu selo em todos os que nele crêem. O Cristo nos disse que com a fé se transportam montanhas e aquele que sofre e tem a fé por amparo ficará sob a sua égide e não mais sofrerá. Os momentos das mais fortes dores nos serão as primeiras notas alegres da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal maneira do corpo, que, enquanto se estorcer em convulsões, ela planará nas regiões celestes, entoando, com os anjos, hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.

Ditosos os que sofrem e choram! Alegres estejam suas almas, porque o G:.A:.D:.U:. as cumulará de bem-aventuranças.

E finaliza o Compositor:

III
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! exclama geralmente o homem em todas as posições sociais. Isso, meus caros irmãos, prova, melhor do que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: "A felicidade não é deste mundo."

Com efeito, nem a riqueza, nem o poder, nem mesmo a florida juventude são condições essenciais à felicidade. Digo mais: nem mesmo reunidas essas três condições tão desejadas, porquanto incessantemente se ouvem, no seio das classes mais privilegiadas, pessoas de todas as idades se queixarem amargamente da situação em que se encontram.

Diante de tal fato, é incontestável que as classes laboriosas e militantes invejem com tanta ânsia a posição das que parecem favorecidas da fortuna. Neste mundo, por mais que faça, cada um tem a sua parte de labor e de miséria, sua cota de sofrimentos e de decepções, donde facilmente se chega à conclusão de que a Terra é lugar de provas e de expiações.

Assim, pois, os que pregam que ela é a única morada do homem e que somente nela e numa só existência é que lhe cumpre alcançar o mais alto grau das felicidades que a sua natureza comporta, iludem-se e enganam os que os escutam, visto que demonstrado está, por experiência arqui-secular, que só excepcionalmente este globo apresenta as condições necessárias à completa felicidade do indivíduo.

Em tese geral pode afirmar-se que a felicidade é uma utopia a cuja conquista as gerações se lançam sucessivamente, sem jamais lograrem alcançá-la. Se o homem ajuizado é uma raridade neste mundo, o homem absolutamente feliz jamais foi encontrado.

O que consiste felicidade na Terra é coisa tão efêmera para aquele que não tem a guiá-lo a ponderação, que, por um ano, um mês, uma semana de satisfação completa, todo o resto da existência é uma série de amarguras e decepções. E notem, meus caros Irmãos, que falo dos venturosos da Terra, dos que são invejados pela multidão.

Conseguintemente, se à morada terrena são peculiares as provas e a expiação, forçoso é se admita que, algures, moradas há mais favorecidas, onde o Espírito, conquanto aprisionado ainda numa carne material, possui em toda a plenitude os gozos inerentes à vida humana. Tal a razão por que Deus semeou, no nosso turbilhão, esses belos planetas superiores para os quais os nossos esforços e as nossas tendências nos farão gravitar um dia, quando nos acharmos suficientemente purificados e aperfeiçoados.

Todavia, não deduzamos das minhas palavras que a Terra esteja destinada para sempre a ser uma penitenciária. Não, certamente! Dos progressos já realizados, podemos facilmente deduzir os progressos futuros e, dos melhoramentos sociais conseguidos, novos e mais fecundos melhoramentos.

Assim, pois, meus queridos Irmãos, que uma santa emulação nos anime e que cada um de nós se despoje do homem velho. Devemos todos consagrar-nos à propagação dessa política Espiritual que já deu começo à nossa própria regeneração, o constante e necessário lapidar da Pedra Bruta.
Corre-nos o dever de fazer que os nossos irmãos participem dos raios da sagrada luz. Mãos, portanto, à obra, meus muito queridos Irmãos! Que nesta reunião solene todos os nossos corações aspirem a esse grandioso objetivo de preparar para as gerações porvindouras um mundo onde já não seja vã a palavra felicidade, e que possamos a todo momento conversar abertamente com o G:.A:.D:.U:. buscando luzes para que isso efetivamente aconteça em nossas vidas.

Referências


Kardec, Allan - Evangelho Segundo o Espiritismo – Editora Ide – Araras-SP- junho/2010;

Lyra, Jorge Buarque – As Vigas Mestras da Maçonaria – Das Academias de Letras de São Paulo, Guanabarina e do Cenáculo Fluminense de História e Letras – Rio de Janeiro-1966;

Gil, Giberto, Se eu quiser falar com Deus (letra de música)- 1980;

Site: Espaço do educador - Rita Foelker - ritafoelker@edicoesgil.com.br; Visita em 24.08.10;



O que vieste aqui fazer?

Fachada parcial da Catedral de São Luiz de Cáceres-Cáceres-Mt - Foto: Padilha/Clube Geo/2010

M:.I:.Valdir Pereira de Castro

O G:.A:.D:.U:. se revela pelas suas obras!

Em toda parte e em todos os tempos, e se lançarmos o olhar em torno de nós mesmos, sobre as obras da natureza, notamos a providência, a sabedoria, a harmonia que consiste em cada canto e recanto do universo.

Quem somos nós? Por que estamos aqui? O que viemos aqui fazer? Quais são as nossas crenças sobre a vida?

Há milhares de anos os Homens Maçons vêm sendo aconselhados a se interiorizar para obter respostas a essas perguntas. Mas o que significa se interiorizar?

Dentro de nós existe um poder capaz de amorosamente nos dirigir para uma saúde perfeita, relacionamentos perfeitos, carreiras profissionais perfeitas e que pode nos trazer prosperidade em todas as áreas. Para possuir isso, nós primeiro temos de acreditar na possibilidade dessa perfeição. Em seguida, devemos dispor dos padrões que criam as condições indesejáveis. Conseguimos isso a partir da interiorização e ligação com o Poder Maior, o G:.A:.D:.U:.

Deus nos criou simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento, porém, nos dotou de recursos a que podemos adquirir pouco a pouco a ciência, conduzindo -nos a perfeição relativa.

Nossas mentes estão sempre ligadas a uma Mente Única e Infinita e, portanto, todo o conhecimento e sabedoria estão disponíveis para nós a qualquer momento.

Somente com suavidade, paciência e calma, conseguimos esculpir o nosso íntimo, realizando a reforma de nossas almas com o objetivo de encontrar felicidade.

Somente com suavidade, paciência e calma, conseguimos esculpir o nosso mundo, realizando sua modificação para melhor.

O martelo que destrói está nas críticas cruéis, nas palavras grosseiras que saem de nossas bocas e ferem a auto-estima das pessoas à nossa volta.

Enquanto a doçura da água está nos conselhos edificantes, na atenção e paciência com que ouvimos a alguém, nas palavras de estímulo, no elogio animador.

O martelo destruidor está no acúmulo da culpa em nosso coração, na auto-exigência desequilibrada, na falta de amor próprio.

A docilidade da água está na compreensão de nossas dificuldades, no auto-perdão, e na disposição constante para corrigir os nossos erros.

Em nossos dias, na análise de nosso comportamento, de nossas ações, lembremos sempre da delicadeza da água moldando as rochas através dos tempos.

Procuremos conquistar a paciência e a tranqüilidade, certos de que são virtudes dinâmicas, que nos fazem seres pacíficos.

Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir.

A suavidade, a delicadeza, são o amor expresso nas pequenas coisas, nos gestos aparentemente simples, mas que revelam nossa preocupação com o próximo.

O G:.A:.D:.U:. criou leis justas e sabias. Ele deu o suficiente e necessário para nos melhorarmos.

Façamos exercícios de introspecção, passemos a nos conhecer, tomar ciência de nossa personalidade, assim teremos condições de nos avaliarmos melhor.

Somos seres perfectíveis, está inserido em nós a essência divina, porém, pelo esforço próprio, haveremos de obter as conquistas necessárias de qualquer natureza, especialmente as que realmente nos são valiosas tais como: compreensão, tolerância, perdão, pacificação, afabilidade...

Somos espíritos em evolução buscando o conhecimento, cada um agindo de acordo com o grau de entendimento que lhe é próprio, com a consciência propulsora de suas ações, buscando sempre a perfeição.

Se o Homem conhecesse o futuro negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade na construção do mesmo.

É justamente o que construirmos hoje que será a construção do nosso amanhã. Por isso estamos aqui.

Somos os únicos que podem salvar o mundo. Ao nos juntarmos em uma causa comum, encontramos as respostas. Devemos sempre nos lembrar de que existe uma parte de nós que é mais do que nosso corpo, mais do que nossa personalidade, mais do que nossa doenças, mais do que nosso passado. Ela é nosso cerne, o puro espírito. Ele é eterno. Sempre foi e sempre será.

Estamos aqui para amar a nós mesmos e amarmos uns aos outros. Agindo assim, encontraremos respostas que nos curarão e curarão o planeta. Estamos atravessando uma época extraordinária. Tudo está mudando. Talvez nem conheçamos a profundidade dos problemas, mas encontraremos soluções para eles.

Somos espírito. Somos livres. Nós nos ligamos em um nível espiritual e sabemos que esse nível nunca poderá ser tirado de nós. No nível do espírito, somos todos um só. E somos livres. E assim é.

E se alguém lhe indagar: O que vieste aqui fazer?

Referências

JORNAL FRATERNIDADE - EDIÇÂO nº 11 ANO II - SET-OUT/2003;

Louise Hay, O Poder dentro de você; Editora Best Seller – 4ª Edição – Círculo do Livro – São Paulo-SP – 1991;

Momento Espírita (www.momento.com.br) Redação do Momento Espírita, com base em Yomaktub.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Os Ensinos de Jesus e os Princípios Maçônicos

Jesus carregando a cruz - Alejadinh0 Foto: Padilha

Os Ensinos de Jesus e os Princípios Maçônicos
Antônio Padilha de Carvalho

Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres, ensina às pessoas que nas falhas e lágrimas se esculpe a sabedoria; ensina a todos a contemplar as coisas simples e a navegar nas águas da emoção; Ele ensina a não ter medo de viver e a superar os momentos mais difíceis da nossa história; ensina que a vida é o maior espetáculo no teatro da existência; ensina que os fracos julgam e desistem, enquanto os fortes compreendem e têm esperança;

Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental que os produziu, nos movimentos incessantes da vida.
O Evangelho de Jesus consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformação, rumo aos planos mais altos. Não será tão-somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discípulo iniciará seus esforços em realização desse teor. Renovar pensamentos não é tão fácil como parece à primeira vista. Demanda muita capacidade de renúncia e profunda dominação de si mesmo, qualidades que o homem não consegue alcançar sem trabalho e sacrifício do coração. Pensar é criar.
A Maçonaria é uma instituição filosófica cuja finalidade é a propagação de sua doutrina que tem como princípios basilares a igualdade, a liberdade e a fraternidade, buscando aplicar esses ensinamentos às suas atividades sociais e políticas em benefício da sociedade em que vivemos.
O mundo não vai muito bem e nele ainda predomina o mal. Mas para a sua melhora é imprescindível que todos os homens, sem distinção de nascimento, nacionalidade ou religião, façam esforços para se aperfeiçoar.
Os Homens-Maçons não são perfeitos nem pretendem que o sejam. Todavia, em razão de seu ideal e de sua filosofia, esforçam-se para se aperfeiçoar, não somente para progredirem na senda de sua própria evolução espiritual, mas também para contribuírem para o bem-estar alheio. Assim, eles são simultaneamente espiritualistas e humanistas, sendo o humanismo, na verdade, uma forma de espiritualidade.
O Mestre Jesus, ensina e mostra que os seres humanos não são perfeitos e que decepções, frustrações e perdas sempre acontecerão; ensina que Deus é o artesão do espírito e da alma humana; ensina que da mais longa noite surgirá o mais belo amanhecer, basta esperar, sem medo.
Jesus apresentava-se como esperança dos aflitos. Ensinava a todos um novo Testamento, melhoria da antiga lei, fraternidade entre os homens, pois todos eram filhos de Deus; o fim das velhas rixas, de contendas sanguinolentas e ódios; perdão constituía a resposta a desavenças raciais e religiosas; amor para cicatrizar todas as feridas. Essa lição de tolerância dói Seu primeiro ensinamento público.
Os princípios da Maçonaria baseiam-se em sentimentos de profundo amor pela Família, pela Pátria, respeito ao próximo e a vontade pessoal de viver uma vida virtuosa.
Jesus não freqüentou escola, era um simples carpinteiro, mas, para nossa surpresa, expressou as funções mais ricas da inteligência: era um especialista na arte de pensar, na arte de ouvir, na arte de expor e não impor idéias, na arte de refletir antes de reagir.
São palavras de José, o carpinteiro: o serrote é uma ferramenta sem alma nem consciência. Pode ser usado para abrir a cabeça de um romano ou para fazer o berço de uma criança nazarena. Depende do homem que o utiliza. Todos nós temos nossas ferramentas; o mundo inteiro viveria melhor se nós as empregássemos com o pensamento voltado para a paz em vez de para a guerra.
O Mestre teve sua existência pautada por desafios, perdas, frustrações e sofrimentos de toda ordem. Ele tinha todos os motivos para sofrer de depressão durante sua trajetória de vida, mas não a manifestou; pelo contrário, era alegre e seguro no território da emoção. Tinha também todos os motivos para ter ansiedade, mas não a demonstrou; pelo contrário, era tranqüilo, lúcido e sereno.
Através das idéias Simbólicas e de alegorias ensinadas pelos rituais e livros, o Maçom aprende os princípios do Amor Fraternal, da Assistência e da Lealdade.
Diante das mais dramáticas situações, Jesus demonstrou ser o Mestre dos Mestres da escola da vida. Os sofrimentos, em vez de abatê-lo, expandiam sua sabedoria. As perdas, em vez de destruí-lo, refinavam-lhe a arte de pensar. As frustrações, em vez de desanimá-lo, renovavam-lhe as forças.
Uma filosofia, seja ela qual for, é sempre um esforço do ser humano para conhecer-se a si mesmo e definir sua posição no conjunto das coisas e dos seres que o cercam, com o objetivo de extrair desse conhecimento uma norma de conduta.
Os Maçons não são seres perfeitos, também são passíveis de erros e imperfeições. No entanto, em razão do ideal e da filosofia que desenvolvem, esforçam-se de maneira continuada em busca da perfeição, não somente para progredirem na senda de sua própria evolução espiritual, mas também para contribuírem para o bem-estar alheio.
Jesus nunca desistia de ninguém, por mais que o frustrassem. Sob seu cuidado afetivo, as pessoas começaram a contemplar a vida por outra perspectiva.
Os homens-Maçons têm consciência que estão neste planeta a fim de cumprir uma missão, reconhecendo a sua natureza divina, expressando sua latente perfeição nos seus comportamentos.
Investigar a personalidade de Jesus Cristo nos fará assimilar mecanismos para expandir nossa qualidade de vida e prevenir as mais insidiosas doenças psíquicas da atualidade: a depressão, a ansiedade e o estresse.
Caso o homem possuísse o domínio das leis que governam o universo, a filosofia seria uma ciência exata. Na ausência de bases mais sólidas, alicerçam-se as diferentes filosofias em certos postulados fundamentais. Adotar uma filosofia é admitir como verdade os seus postulados.
Cristo não apenas causou perplexidade nas pessoas mais cultas da sua época como ainda hoje seus pensamentos e intenções são capazes de perturbar a mente de qualquer um que queira estudá-lo em profundidade e sem julgamentos preconcebidos.
A filosofia universal seria aquela cujos postulados fossem tão amplos, tão gerais que satisfizessem ações da natureza humana, tantas são as influências que do meio exterior recebe o espírito, que uma filosofia assim seria tão vaga quão inexpressiva e inútil.
Via de regra, toda virtude tem uma contraparte negativa, pois o ego, enquanto não é dominado, opõe-se à alma e cria uma contínua relação conflituosa com ela. O orgulho prevalece em qualquer pessoa que não tenha adquirido a humildade, quase sempre porque ela privilegia as aparências e a imagem que passa de si mesma aos outros.
Jesus incendiou o mundo com a sua vida e sua história. Há mais de dois bilhões de pessoas que dizem amá-lo, pertencentes a inúmeras religiões.
A filosofia Maçônica é uma filosofia espiritualista; ela admite a evolução contínua e harmônica do Universo, sob leis imutáveis, expressão de uma inteligência suprema, o princípio Criador, a quem denominamos Grande Arquiteto do Universo.
O Cristo usou cada segundo do seu tempo, cada pensamento da sua mente e cada gota do seu sangue para mudar o destino não apenas do povo Judeu, mas de toda humanidade. Ninguém foi como ele.
Os postulados Maçônicos, são tão amplos que se ajustam a quaisquer doutrinas espiritualistas e, se não satisfazem também às concepções materialistas, todavia não se chocam com aquelas que admitem a regência do universo por um sistema de leis imutáveis.
Jesus via de seus ensinamentos aliviou a dor de todas as pessoas que o procuraram ou que cruzaram o seu caminho, mas, quando precisou aliviar sua própria dor, agiu com naturalidade, esquivou-se de usar o seu poder, afirmando: “Foi precisamente para esta hora que eu vim.”(João 12:27);
O homem Maçom procura sabiamente ajustar-se à harmonia que a tudo preside no universo, evitando, os choques e atritos que causam a infelicidade humana. Inicialmente, ele procura a harmonia interior, disciplinando seus impulsos e sentimentos, burilando seu caráter, conquistando o equilíbrio espiritual. Senhor de si mesmo, controla perfeitamente suas ações, dominando suas paixões, seus instintos irracionais, seus impulsos egoísticos.
Posto que assim amplos e aceitáveis por qualquer espíritos dotados de senso comum, nem por isso erigem os postulados Maçônicos em dogmas intangíveis; não constituem limites à livre investigação da verdade, porquanto a própria maneira de os compreender e interpretar é susceptível de evolução no íntimo de cada um.
Os Homens Maçons empreendem a aventura de estudar Jesus.
Evoluindo espiritualmente, o Maçom aprende a desprezar as ambições puramente materiais que perturbam a paz interior e o fazem insatisfeito, frustrado e infeliz.
O objetivo do Mestre de Nazaré era romper o cárcere intelectual dos seres humanos estimulando-os a serem livres no território da emoção. Por isso, expunha suas idéias e nunca as impunha.
Assim dominado o ego, fácil é conquistar a harmonia com o mundo exterior, porque o Maçom sente-se integrante do Universo como peça necessária, e não como simples espectador, ou mesmo adversário de tudo e de todos. Os impulsos vão cedendo lugar aos altruísmos e o ajustamento vai tornado-se cada vez mais espontâneo, a integração cada vez mais perfeita; é a felicidade a que devemos aspirar.
Jesus convida a todos os seres humanos a pensar nos mistérios da vida.
A procura da harmonia com o mundo exterior gera o sentimento de fraternidade, expressão de solidariedade, do amor do indivíduo por seus semelhantes; é um modo de ser que traduz-se por solidariedade, tolerância e lealdade.
É fácil reagir e pensar com lucidez quando o sucesso bate à porta, mas é difícil conservar a serenidade quando as perdas e as dores existenciais invadem a vida de cada um. Muitos, nessas situações, revelam irritabilidade, intolerância e medo. Se quiser observar a inteligência e a maturidade de alguém, não se deve analisá-las nas primaveras, mas nos invernos de sua existência.
Muitas pessoas, incluindo intelectuais, comportam-se com elegância quando o mundo as aplaude, mas perturbam-se e reagem impulsivamente quando os fracassos e os sofrimentos cruzam as avenidas de suas vidas. Não conseguem superar suas dificuldades nem sequer extrair lições das intempéries.
O equilíbrio espiritual gera, portanto, a conduta altruística. Reciprocamente, a prática do bem, expressão de altruísmos, reflete-se sobre o espírito fortalecendo-o e tornando-o mais estavelmente equilibrado.
Jesus não se perturbou quando seus seguidores não corresponderam às suas expectativas. Ele usou cada erro e dificuldade dos seus íntimos não para acusá-los e diminuí-los, mas para que pudessem rever suas próprias histórias.
A prática do bem é, pois, para o Maçom, a norma de ação natural, porque, através dela, ele se sente integrado no cosmos e conquista cada vez mais a paz interior, que é a verdadeira felicidade.
O Mestre da Escola da Vida não estava muito preocupado em corrigir os comportamentos exteriores dos mais próximos, mas empenhado em estimulá-los a pensar e a expandir a compreensão dos horizontes da vida.
Para tornar sua doutrina mais facilmente assimilável, como também para inspirar conceitos mais amplos, a Maçonaria transmite seus ensinamentos por meio de símbolos. Cada Maçom vê estes símbolos conforme o seu grau de evolução, sem, contudo, afastar-se dos fundamentos da doutrina. Assim, todos poderão evoluir sem submeter-se a padrões excessivamente rígidos, sem forçar o seu modo de ser, à medida que vão evoluindo, vão encontrando horizontes mais amplos e vastos. Interpretações cada vez mais completas, mais amplas, mais perfeitas. É uma integração evolutiva no conceito universal.
Cristo é amigo íntimo da paciência, sabe criar uma atmosfera agradável e tranqüila, são estas suas palavras: “Aprendei de mim, pois sou manso e humilde...” (Mateus 11:29);
Tal como em relação ao indivíduo, a doutrina Maçônica deve proporcionar à própria Ordem, considerada como um todo, uma norma de conduta. Essa norma de conduta, para ser coerente com os fundamentos da doutrina, não pode deixar de ser harmoniosa, pacífica, tolerante, paciente, construtiva. Longe de preconizar a violência, a Maçonaria não agride; apenas defende-se dos ataques que recebe.
Quem vive sob o peso da culpa fere continuamente a si mesmo e torna-se seu próprio carrasco. Mas quem é radical e excessivamente crítico dos outros transforma-se num “carrasco social”.
Nos terrenos sinuosos da existência é que a lucidez e a maturidade emocional são testadas.
Infelizmente, os sentimentos egoísticos, opostos, à harmonia que a tudo preside no universo, geram forças nefastas em luta constante contra as forças do bem e, portanto, contra a Maçonaria. Procurando manter as massas na ignorância e na escravidão dos preconceitos, as forças egoísticas provocam as manifestações de intolerância, ódio e injustiça, fomentam a exploração do homem pelo homem, a tirania, as lutas sociais, as guerras e todas as demais formas de atrito e choques que tornam a humanidade sofredora. Esta é a luta permanente, que é a própria razão de ser da Ordem Maçônica.
Na Escola da Vida não há graduação. Nesta escola, o melhor aluno não é aquele que tem consciência de quanto sabe, mas de quanto não sabe. Não é aquele que proclama a sua perfeição, mas o que reconhece suas limitações. Não é aquele que proclama a sua força, mas o que educa a sua sensibilidade.
Jesus possuía um conhecimento raro e secreto, divino ou espiritual e parcialmente científico; este conhecimento permitia-lhe posicionar-se com envergadura e conhecimento de causa;
Jesus afirmou em várias ocasiões que os Grandes Mistérios, os Grandes Segredos que ele ensinava a uns poucos em reuniões secretas, não podiam ser revelados às multidões, que seriam incapazes de compreendê-los.
É fácil mostrar serenidade quando a vida transcorre como um jardim tranqüilo; difícil é quando nos defrontamos com as dores da vida.
Não existem gigantes no território da emoção. Muitas vezes os comportamentos são descabidos, desnecessários e ilógicos diante de determinadas frustrações.
Liberdade
Começa-se a entender os ensinamentos de Jesus e admira-los, quando efetivamente descobre-se a sua dimensão. Um mestre como ele preza demais a Liberdade, e foi exatamente essa liberdade que veio ensinar. Ele não deseja servos, mas amigos. Afirmou categoricamente: “Conheça a verdade, e ela vos libertará.”
A liberdade de consciência e, portanto, de opinião, é irrestrita. A liberdade de ação, contudo, é limitada pela liberdade alheia. A liberdade do indivíduo não pode ferir os direitos de outrem, inclusive o próprio direito de ser livre. A liberdade é, assim, subordinada ao bem-estar coletivo.
Para que a liberdade de crença e de opinião não crie dissensões no seio da Ordem, a Maçonaria não permite discussões político-partidárias, religiosas e sociais em seus trabalhos, nem manifestações de tal modo em seu nome e sob a qualidade de Maçom. É um antigo costume, embora não seja um Landmark.
Igualdade
A Igualdade deve ser entendida como igualdade de direitos em igualdade de condições, sem distinção de castas, raças ou grupos sociais (políticos, religiosos, partidários, etc.). A igualdade não é portanto, o nivelamento puro e simples dos indivíduos, pois estes diferem entre si pelo seu valor, decorrente das qualidades pessoais. Cada um presta à coletividade serviço de maior ou menor importância, merecendo em retribuição, prerrogativas correspondentes à sua função social.

Fraternidade
A Fraternidade é a expressão do amor ao próximo e da solidariedade humana. Tal como a igualdade, a fraternidade pode ser entendida como nivelamento de indivíduos, ignorando-se a diferenciação natural que decorre do mérito de cada um. A fraternidade exclui aqueles mesmos preconceitos, aquelas mesmas distinções que a igualdade recusa, mas faz tábua rasa do valor pessoal de cada um. A grande família humana, como qualquer família, possui membros de maior ou menor valor social; reconhecer esses diferentes valores é de primordial valia.
“A minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou”, afirmou Jesus
Os fatos são inflexíveis. A verdade sempre aparece, mesmo quando ocultada ou disfarçada atrás de alegorias, parábolas e interpretações estranhas.
Nas entrelinhas de suas mensagens, não importa em que forma sejam divulgadas, revelam, como que através de um véu, breves vislumbres das verdades que o buscador é convidado a desvendar. E quando o estudante se sente preparado ou revela seu preparo através de sua atitude, sua perseverança e sua grandeza de espírito, então o Mestre aparece e o Caminho se abre diante dele.
A Maçonaria proclama, como sempre o fez, desde sua origem, a existência de um Princípio Criador, sob a denominação de GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO; proclama a liberdade de consciência como sacratíssimo direito humano, não impondo limite à investigação da Verdade, garantindo a liberdade, exigindo de todos os seus membros a maior tolerância; Honra o trabalho em suas formas honestas e o tem por dever, a que nenhuma pessoa válida pode fugir das suas obrigações; Proscreve qualquer discussão sectária, de natureza política ou religiosa, dentro de seus Templos ou fora deles, em nome da Ordem; Condena o despotismo e trabalha, incessantemente, para unir a espécie humana pelos laços do amor fraternal; Impõe o culto à Pátria, exige respeito absoluto à família e não admite a menor ofensa nem a uma nem a outra; Cada Loja é um Templo sagrado, sob cuja abóbada os homens livres e de bons costumes devem reunir-se fraternalmente, procurando conseguir o bem da humanidade; Todo pensamento maçônico deve ser criador. Essa atitude mental engrandece o espírito e fortifica o coração. Cada maçom, parte viva dos irmãos, concorrerá para assimilar o ideal da Ordem e desenvolvê-lo na capacidade de sua inteligência;

A Maçonaria é acessível aos homens de todas as classes, crenças religiosas e convicções políticas, com exceção daquelas que privem o homem da liberdade de consciência e exijam submissão incondicional a seus chefes; Em seus Templos aprende-se a amar e a respeitar tudo o que a virtude e a sabedoria consagram; Exige estudo meditado de seus rituais e a prática da solidariedade humana; A Maçonaria, por conseguinte, é uma instituição criada para combater tudo o que atente contra a razão e contra o espírito de fraternidade universal;

Os ensinamentos maçônicos, realizados através de símbolos e de alegorias universais, induzem seus adeptos a dedicarem-se à felicidade a seus semelhantes, não porque a razão e a justiça lhe imponham esse dever, mas porque o sentimento de solidariedade é qualidade inata, que os tornam filhos do Universo e amigos de todos os homens.
Ser Maçom, Ser Cristão

Ser Maçom é ser amante da Virtude, da Sabedoria, da Justiça e da Humanidade; é ser amigo dos pobres e desgraçados, dos que sofrem, dos que choram, dos que têm fome e sede de justiça; é propor como única norma de conduta o bem de todos e o seu progresso e engrandecimento;

O Mestre provou que suas doutrinas não eram apenas filosóficas, religiosas, morais e éticas, mas que também tinham um valor prático na vida cotidiana.

Ser Maçom é querer a harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano; é derramar por todas as partes os esplendores divinos da instrução; a educar a inteligência para o bem, conceber os mais belos ideais do Direito, da moralidade e do amor; e praticá-los; é levar à prática aquele formosíssimo preceito de todos os lugares e de todos os séculos, que diz, com infinita ternura aos seres humanos, indistintamente, do alto de uma Cruz e com os braços abertos ao mundo: “Amai-vos uns aos outros, formai uma única família, sede todos irmãos!”.

Cristo ensinou aos seus discípulos a natureza das enfermidades, sua causa e a maneira de tratá-las. Explicou-lhes como seria falacioso depender exclusivamente de remédios e plantas, ou recorrer a bruxarias, encantamentos e outras formas de tratamento, quando há um poder divino que pode e deve se exercer através do homem e cuja essência é o poder criativo que Deus usou no começo dos tempos para criar o universo e tudo o que existe acima a abaixo da Terra.

Ser Maçom é esquecer as ofensas que se nos fazem, ser bom, até mesmo para com os nossos adversários e inimigos, não odiar a ninguém, praticar a Virtude constantemente, pagar o mal com o bem; é amar a luz e aborrecer as trevas; ser amigo da ciência e combater a ignorância, render culto à razão e à sabedoria; é praticar a Tolerância, exercer a Caridade, sem distinção de raças, crenças ou opiniões, lutar contra a hipocrisia e o fanatismo;
A senda para a vida eterna, os verdadeiros princípios da imortalidade da alma, a purificação do corpo e do Eu Interior, a aquisição da beleza espiritual, da força divina e da harmonização com Deus, eram algumas das questões explicadas gradualmente por Jesus, tanto nas reuniões coletivas como em instruções individuais. A lei do triângulo e o significado da Trindade, temas fundamentais, eram tratados em todas as discussões filosóficas e nas demonstrações físicas ou alquímicas das leis universais.
A Maçonaria é parte integrante da História Pátria e Universal, os maçons sempre estiveram presentes nos grandes eventos, defendendo a trilogia sagrada, LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE;
Assim lutaram e venceram os antigos maçons, assim lutam hoje, assim lutarão amanhã os seus sucessores, empunhando essa mesma bandeira;
Trabalhando pela felicidade do gênero humano, os maçons se consideram recompensados e realizados, pois servindo ao próximo estão observando os ensinamentos da Sublime Instituição;
Todos aqueles que satisfizerem estes requisitos e desejarem cerrar fileiras com os Apóstolos da Liberdade e Sacerdotes do Direito, deverão se comprometer a trabalhar pelo bem estar da Pátria e da Humanidade;
Aquele que for convidado e aceito será considerado irmão, passando a fazer parte da grande Família Maçônica Universal;
As Grandes Verdades de que foram mensageiros alguns seres humanos que por aqui passaram, provieram de uma Fonte Divina, através de visões, inspirações e impulsos. Eles revelaram essas verdades à humanidade gradativamente, guiando-a por etapas para planos de existência cada vez mais elevados e para a ampliação de sua consciência e compreensão.

O Homem Maçom que efetivamente burila seu interior, buscando conhecer-se melhor, na corajosa e edificante tarefa de combater o despotismo, as tiranias, os preconceitos, as injustiças, a ignorância e os erros, provendo o triunfo da Verdade, da Liberdade e da Justiça, pugnando pela evolução do ser humano, o bem estar da Pátria e da Humanidade, levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício, acaba por mostrar que a Maçonaria é gentileza em casa; honestidade nos negócios; lealdade no trabalho; cortesia na sociedade; compaixão e inquietação pelos doentes e infelizes; resistência às adversidades; ajuda aos fracos; perdão aos arrependidos; amor ao próximo.
A Maçonaria é uma filosofia de vida, ensinando-nos a bem viver, mas, acima de tudo, está a necessária reverência e amor ao Criador, que chamamos de o Grande Arquiteto do Universo.
Por “Mistérios do Reino dos Céus”, deve-se entender, portanto, as verdades gloriosas do Evangelho, que somente os mais adiantados discípulos podiam compreender naqueles tempos, ainda que apenas parcialmente. Percebemos, portanto, que esses homens discerniam que a palavra “mistério” refere-se a uma verdade superior.
Diferente do que muitos pensam a Maçonaria não é uma sociedade beneficente ou securitária, ela não visa lucro nas suas ações ou eventos. Todavia, são imensuráveis os serviços caritativos prestados por ela, no esforço comum e na solidariedade de todos os Irmãos, mesmo fora dos quadros de suas Lojas. Ela prega a fraternidade e o autodesenvolvimento e, através da exemplificação dos princípios e preceitos da ordem maçônica, procura tornar melhores os homens em suas fileiras.
Os ensinamentos da Maçonaria estão baseados em princípios éticos, aceitáveis por todos os homens de bem. Entre seus preceitos figuram o entendimento e a caridade para toda a humanidade. Apesar de perseguida e descriminada muitas vezes, a Ordem Maçônica tem perseverado em sua obra.
A Maçonaria proclama, orgulhosamente, que é composta por homens que estão comprometidos a estender Amor Fraternal e Afeição a todos, em qualquer lugar, sem interferir nas crenças de qualquer de seus membros, sejam religiosas ou leigas; sem buscar obter vantagens para seus obreiros, do ponto de vista profissional ou político.
Os discípulos de Jesus sabiam que estavam sendo instruídos em mistérios secretos e doutrinas novas e, portanto, ainda desconhecidas, e isto pode ser verificado nas palavras impressas no Novo Testamento. Basta atentarmos nestas declarações de Jesus aos seus discípulos: “A vós é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus”; “Falamos da sabedoria de Deus, oculta em mistério”; “ E somos os depositários dos mistérios de Deus e compreendemos todos os mistérios”; “Os mistérios que nos foram dados a conhecer”; “Revelamos os mistérios ocultos no silêncio desde a noite dos tempos”; “ Preservando em pureza o mistério da fé” etc. Essas passagens e outras de teor semelhante podem, ser encontradas nos livros do Novo Testamento.
Para tornar o mundo melhor, não é preciso que todos os seres humanos sejam perfeitos. Basta que cada um faça esforços para se aperfeiçoar, o que implica em querer transmutar seus defeitos enquanto coloca suas qualidades a serviço dos outros. Esse é o ideal ético que move os homens-maçons.

Antônio Padilha de Carvalho, M:.M:. da ARLS Acácia do Rio Abaixo nº 35. Or:. Santo Antônio do Leverger-Mt.

REFERÊNCIAS

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Sites na Internet;