segunda-feira, 16 de maio de 2011

VIDA & TRABALHO


Projetamos, os desejos nos impulsionam,
agimos, buscando concretizar o planificado,
necessitamos, agir com prudência,
posto que:
o conhecimento de si,
a emoção do querer
e a atividade do fazer,
leva-nos a proceder com consciência,
consciência nascida do bem conhcer, sentir e agir,
vez que nos conhecemos pelo nosso pensar,
agimos pela nossa força,
sentimos pela execução da nossa vontade.
Isso é vida,
e a vida é trabalho.


Antônio Padilha de Carvalho

quarta-feira, 27 de abril de 2011

OS TRÊS PONTOS


Ap.˙. M.˙. Enio Carlos de Souza Vieira Neto.

I — Introdução.

Falar sobre os três pontos utilizados na maçonaria não é tarefa das mais simples, vez que há na doutrina inúmeras interpretações sobre a sua origem, seu significado e sua utilização.

Ao pesquisar o tema na literatura maçônica mencionada na bibliografia desta peça de arquitetura, pude constatar o quão controverso é o tema, que até mesmo para IIr.˙. mais experimentados (Mestres Maçons, articulistas de revistas maçônicas especializadas, sites de lojas regularmente constituídas e autores da literatura maçônica) pairam dúvidas sobre o verdadeiro significado dos três pontos.

Uns creem na origem simbólica; outros creditam sua origem às mais antigas e ocultas sociedades iniciáticas; alguns dizem não tratar-se de símbolo, mas de mero sistema de codificação da escrita; e outros, que me pareceram mais prudentes e cuja corrente teórica tem mais força junto à maçonaria moderna, afirmam que a escrita tripontuada nasceu com o objetivo único de tornar a escrita dos documentos internos da Sublime Ordem ininteligíveis aos não iniciados (que convencionamos denominar como profanos), ganhando força e conceitos simbólicos com a sua contínua utilização, principalmente após ser adotada como símbolo de reconhecimento entre os Irmãos.

E justamente por acreditar ser essa última corrente mais coerente, tanto do ponto de vista histórico quanto no que se refere à aceitação da simbologia dos três pontos, nesse trabalho seguiremos tais ensinamentos, sem, contudo, descartar o entendimento ou exercer juízo de valor sobre os que acreditam nas demais teses.

II — Origem dos três pontos.

a) Escrita tripontuada.

Como dissemos o tema não é dos mais pacíficos, havendo dúvidas mesmo entre aqueles que acreditam na mesma corrente histórica.

É que para alguns a escrita tripontuada tem origem em religiões e sociedades iniciáticas da antiguidade, sendo utilizada como forma de escrita cifrada em documentos internos, a fim de que somente aqueles que praticassem os mistérios religiosos ou participassem daquela irmandade pudessem entender o conteúdo dos seus escritos.

Era utilizada como forma de proteger o conteúdo de tais documentos, a fim de que, se caíssem em mãos erradas, não pudessem ser compreendidos e, portanto, os mistérios religiosos ou ritualísticos que se pretendia resguardar não fossem revelados a terceiros.

Não obstante tal afirmação, é certo que em todo o material pesquisado não encontramos referências históricas concretas à utilização dos três pontos por tais religiões, havendo certa confusão entre estes (os três pontos) com a figura geométrica do triângulo que, nesse caso, penso eu, não se podem confundir, pois enquanto um representa a codificação da escrita, o outro, como veremos mais adiante, trata-se de símbolo com significados próprios.

Segundo artigo encontradiço na página eletrônica da Loja Maçônica Obreiros de Irajá [www.obreirosdeiraja.com.br/os-tres-pontinhos/], as abreviaturas, certamente, já existiam desde a antiguidade, como comprovam vários objetos Celtas do século IX a.C., porém, não há referência histórica da época quanto a escrita tripontuada.

Assim, temos que a primeira comprovação histórica (material) de existência da escrita tripontuada aparece em antigos escritos provenientes de mosteiros cristãos, bem como pela existência, na Corte Pontifícia, em Roma, do “Tribunal A.˙. C.˙.”.

Sobre o tema, o Venerável Irmão ETHIEL OMAR CARTES GONZÁLES, da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Guatimozín nº 66, filiada às Grandes Lojas do Estado de São Paulo, citando LENNNHOFF, consignou:

“Lennhoff, no Dicionário Maçônico Internacional, diz que os três pontos aparecem já em antigos escritos monacais, conservados na Biblioteca Coraini, Roma. Na Corte Pontifícia de Roma existia um Tribunal denominado ‘Tribunal de A.˙. C.˙.’, que para uns era Augusta Consulta e para outros Auditor Camarae.”

Portanto, a primeira comprovação histórica da utilização da escrita tripontuada, como forma de codificação de documentos oficiais, vem dos referidos escritos pertencentes à igreja católica que, hoje, encontram-se arquivados na Biblioteca Coraini, na cidade de Roma.

b) Escrita tripontuada na história da maçonaria.

No que se refere à utilização da escrita tripontuada na maçonaria, como forma de cifrar os documentos produzidos em loja, tem suas primeiras aparições no século XVIII, havendo controvérsia entre os estudiosos sobre a data exata do início de sua utilização.

Alguns afirmam que a primeira Loja Maçônica a utilizar a escrita tripontuada foi a Loja Besaçon, na França, em reuniões datadas de 1764.

Mas a tese mais aceita, por ser melhor comprovada, da conta de que a escrita tripontuada foi utilizada pela primeira vez em documento produzido em 12 de agosto de 1774, quando o Grande Oriente da França comunicou a todas as lojas jurisdicionadas a mudança de seu endereço/sede, bem como a alteração do valor da anuidade.

A explicação mais aceita para a utilização da escrita tripontuada em tal documento, é a de que, por se tratar de uma prancha que deveria ser encaminhada para todas as Lojas jurisdicionadas, e tendo em vista a precariedade do sistema de comunicação da época, corria-se grande risco do documento ser extraviado, tornando-se necessária a codificação da escrita para evitar que as informações fossem decifradas por profanos.

A partir desse documento, a escrita tripontuada proliferou por toda a frança e, posteriormente, pelas Américas, sendo correto afirmar que seu uso não é universal, vez que a escrita tripontuada não foi adotada pela maçonaria de vários países como, por exemplo, a maçonaria inglesa.

c) Primeiras conclusões.

Assim, diante dos fatos acima apresentados, podemos afirmar que os três pontos surgiram na maçonaria como simples expediente de abreviatura, a fim de codificar a escrita dos seus documentos internos, não havendo em seus primórdios qualquer significação simbólica.

Também podemos concluir que a escrita tripontuada não é universal e nem obrigatória, sendo muito mais fruto dos costumes maçons de países com a França, Estados Unidos e Brasil, do que uma obrigação propriamente dita, até por que, como indicam alguns autores, a Constituição de Anderson, de 1723, principal documento da maçonaria moderna, não utiliza e não faz qualquer menção à escrita tripontuada.

Feita essa breve análise sobre o surgimento da escrita tripontuada e sua utilização na maçonaria, passemos a análise dos três pontos como forma de reconhecimento/identificação dos irmãos pertencentes à Sublime Ordem.

III — Os três pontos, os costumes e o NeVarietur.

Para CEZAR ALBERTO MINGARDI (na obra Sois Maçon? Textos Sobre a Maçonaria, editora Madras, São Paulo – 2008), após a disseminação da escrita tripontuada por vários países, “para a tripontuação ganhar as assinaturas foi um passo”, pois ganhou forte simbolismo ligado ao segredo ao longo dos anos — face a sua semelhança com o triângulo e a expressão do ternário, com grande significação para a simbologia e hermenêutica maçônicas, com várias interpretações exotéricas.

Os maçons passaram a verificar nos três pontos, grande semelhança com o simbolismo ensinado nos rituais da Arte Real, vez que o ternário tem forte apelo místico e coincide com inúmeras alegorias e símbolos utilizados no grau de aprendiz, motivo pelo qual a sua (dos três pontos) colocação juntamente com a assinatura passou a ser símbolo de reconhecimento entre os irmãos.

E o costume tornou-se tradição.

E a maçonaria, como sociedade iniciática, tem grande apego às tradições, motivo pelo qual a colocação dos três pontos ao final da assinatura dos Obreiros passou a fazer parte dos ensinamentos passados aos aprendizes que, nas iniciações, são orientados a apor suas assinaturas nos documentos maçônicos com os três pontos ao final.

Vejam que a tripontuação ao final da assinatura do maçom regular não se trata de obrigação, pois no mundo profano, não raras as vezes que, por motivos profissionais, familiares ou religiosos, os maçons poderão ter necessidade de não manifestar abertamente sua condição, como ensina o texto os três pontos, contido no site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Construtores da Virtude nº 5 [www.construtoresdavirtude.com.br].

Não obstante, uma vez que o documento maçônico foi assinado peloaprendiz com a colocação dos três pontos ao seu final, é certo que não será permitido ao iniciado que altere a sua assinatura em qualquer outro documento oficial.

Daquele momento em diante, deverá assinar todos os documentos maçônicos, desde o livro de presença em loja, até às mais altas honrarias, do memso modo e forma, a fim de que não se diferencie. Para que não se mude.

Essa regra, denominada maçonicamente de NeVarietur, é necessária para estabelecer a igualdade entre os IIr.˙., bem como para garantir o reconhecimento da firma dos Ir.˙. visitantes, com a comparação, pelo Chanc.˙., da assinatura aposta no documento maçônico apresentado pelo visitante com aquela por ele aposta no livro da loja.Eis a definição de NeVarietur feita pelo Ir.˙. VALDEMAR SANSÃO, em artigo postando no site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Acácia do Continente:

NE VARIETUR(Para que não se mude). Aparece sempre em diplomas eoutros documentos maçônicos, onde o interessado apõe sua assinatura, como formadefinitiva, isto é, a maneira de assinar deve ser constante, nuncadiferenciada.

Ademais, é certo que para outros estudiosos os três pontos ao final da assinatura do maçom regular surge, também, como forma de igualar todos os IIr.˙., a fim de lembrar que todos os maçons são iguais e que pertencem a uma irmandade, considerando ser esta a verdadeira definição de Ne Varietur: para não diferir; para que todos sejam iguais.

IV — CONCLUSÕES.

V.˙. M.˙., meus IIr.˙., o tema é extenso e, sobre ele, ainda poderíamos discorrer sobre a simbologia do triângulo equilátero ou do ternário, tão presentes em nossos rituais em ensinamentos.

Poderia descrever o ternários nas mais variadas ciência e religiões, como por exemplo, na bíblia, onde o numero três representa a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a Sagrada Família (Jesus Maria e José), os Reis Magos (Gaspar, Belchior e Baltazar) as Marias presentes na crucificação (Maria de Nazaré mãe de Jesus, Maria de Madalena e Maria Mulher de Cléofas, tia de Jesus), as tentações superadas por Cristo no deserto, a idade de Cristo (33 anos) e a ressurreição de Jesus, ocorrida 3 dias após sua morte.

Também poderíamos discorrer sobre o significado do ternário em várias passagens do ritual do aprendiz, de onde se verifica direta correlação com as três colunas da Loja (sabedoria, força e beleza), os instrumentos de trabalho (régua, maço e cinzel), a bateria do grau (três pancadas), os paços (três passos), a idade (três anos), as três grandes Luzes (o Venerável Mestre, o 1º Vigilante e o 2º Vigilante), etc.

Não obstante, é certo que a simbologia inerente ao ternário é campo gigantesco e fértil, devendo ser fruto de trabalho mais específico e aprofundado, vez que merece grande reflexão e cuidadoso estudo, a fim de não se deixar escapar seus pontos mais importantes.

Por fim, cumpre transcrever lição retirada do site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Construtores da Virtude nº 5 [www.construtoresdavirtude.com.br], verbis:

O primeiro ponto é o origem criador de todo o que existe, o Uno, a Monada, o Princípio Fundamental, a Unidade, é Deus.

Os dois pontos inferiores são a Dualidade, são gerados pelo primeiro ponto e, se se juntarem, voltam a ser a Unidade, da qual tiveram nascimento.

O ponto superior corresponde ao Oriente em Loja, que é o mundo Absoluto da Realidade, é o Delta Sagrado, e os dois pontos inferiores correspondem ao Ocidente, ou seja o Mundo relativo, o domínio da Aparência, são as duas colunas, como mais um emblema da dualidade.

Como podemos ver, a interpretação dos três pontos, são muitas e nelas não poderemos ficar restritos, para não pecar de dogmáticos.

V — BIBLIOGRAFIA.

Página eletrônica da Loja Maçônica Obreiros de Irajá [www.obreirosdeiraja.com.br/os-tres-pontinhos/]

CEZAR ALBERTO MINGARDI, obra Sois Maçon?, Textos Sobre a Maçonaria, editora Madras, São Paulo – 2008.

Página eletrônica da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Construtores da Virtude nº 5 [www.construtoresdavirtude.com.br].

VALDEMAR SANSÃO, artigo postando no site da A.˙. R.˙. L.˙. S.˙. Acácia do Continente [www.acaciadocontinente.com.br].

RITUAL DO APRENDIZ - GOEMT